Democracia ou tecnocracia?
Daniel Proença de Carvalho
Gostemos ou não – eu não gosto – a tendência crescente em todo o mundo é a viragem do eleitorado para líderes tonitruantes, de que Donald Trump é o protótipo, mas que proliferam na Europa democrática, que atropelam os contrapoderes instituídos – os tribunais, os media, as agências independentes – para ganharem poder. Há um crescente mal-estar nas nossas sociedades, que tem uma multiplicidade de causas, mas uma delas é a incapacidade dos governos de corresponderem às expectativas dos eleitores, em parte por impotência face aos poderosos contrapoderes que se foram instalando e fortalecendo. Se queremos manter uma sociedade aberta, e verdadeiramente democrática, um Estado controlado e um clima propício à liberdade económica, não devemos substituir a desconfiança nos políticos pela confiança cega em competências independentes do sufrágio.