Públicado por TAI NALON em A FOLHA DE SÃO PAULO
A presidente Dilma Rousseff determinou nesta segunda-feira (7), durante reunião com líderes da base na Câmara, que aliados liberem a pauta de votações para a análise da medida provisória que cria o programa Mais Médicos, do governo federal.
Trata-se, na realidade, de uma concessão ao PMDB, que ameaçou, na semana passada, derrubar a MP caso o projeto que trata da minirreforma eleitoral continuasse sendo alvo de obstrução sobretudo do PT. Os petistas operam para derrubar o projeto e, desde a semana passada, obstruíram durante duas sessões a análise do projeto pela Câmara.
A minirreforma eleitoral trata, entre outras medidas, de acabar com amarras para uso nas campanhas do dinheiro público que financia os partidos, limitar ao "exame formal dos documentos contábeis e fiscais apresentados pelos partidos" na análise de suas prestações de contas, e considera propaganda eleitoral antecipada pronunciamentos que contenham críticas a partidos.
Em quase três horas de reunião, Dilma ouviu queixas do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que condicionou a aprovação da MP do Mais Médicos à análise da minirreforma eleitoral. Diante de resistência no próprio partido, Dilma pediu ao PT, junto com demais partidos da base, se comprometesse a votar a minirreforma, mesmo que fosse contra.
"Todos expressaram para a presidente que votaremos a MP de qualquer jeito amanhã. Ela é importante. Chegou a hora da onça beber água e quem tiver voto vota. Vamos votar de qualquer jeito", disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE). "Vamos insistir no plebiscito. Queremos reforma ampla e não arremedo."
Na próxima semana, Dilma deverá se reunir novamente com líderes da base na Câmara e no Senado, desta vez para discutir Marco Civil da Internet. O projeto tornou-se cavalo de batalha da presidente, diante das recentes denúncias de espionagem contra ela e o governo.
POLÊMICA
A proposta da minirreforma é polêmica e gerou intensos debates no plenário da Casa. Vários deputados chamaram a proposta de "nanorreforma".
"Uma reforma diminuta como esta não incide sobre nada. Precisamos de um debate, não de penduricalho que não altera nada", disse Guimarães na semana passada.
Na ocasião, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), pediu que o PT tentasse dialogar. "Não podemos ignorar que há coisas boas nesse projeto e deixarmos de ter a oportunidade de reduzir o custo de campanha por conta de disputa", disse.