Mercados são um tipo de ecossistema que é complexo, adaptável, e sujeito as mesmas forças evolucionárias da natureza…
“Se queremos ser sérios sobre a criação de riqueza, nosso foco não deve estar em tomar cuidado dos ricos para então o dinheiro deles escorrer para o resto da sociedade; o foco deve ser em certificar que todos tenham oportunidades justas – na educação, saúde, capital social, acesso a capital financeiro – para criar novas informações e ideias. A inovação surge em um ambiente fértil que permite que a genialidade individual aflore e se amplifique, através da cooperação, para beneficiar a sociedade. A extrema concentração de riqueza sem precedentes no mundo moderno foi o que minou a igualdade de oportunidades e assim limitou nosso potencial econômico…”
Por Eric Liu e Nick Hanauer*
Traduzido por Igor Bajerski
Durante 2007 e 2008, instituições financeiras gigantes estavam se extinguindo, o patrimônio líquido da maioria dos Americanos havia entrado em colapso, e a maioria das economias do mundo estava de joelhos.
Ao mesmo tempo, esse foi um tempo de radical desigualdade econômica, em níveis não vistos desde 1929. Ao decorrer das últimas três décadas, uma consolidação e concentração de ganho de poder e riqueza sem precedentes fez do 1 por cento de Americanos no topo imensamente ricos enquanto a classe média esteve cada vez mais empobrecida.
Para a maioria dos Americanos e certamente dos economistas e políticos, esses dois fenômenos parecem não relacionados. De fato, a teoria econômica tradicional e a política econômica Americana contemporânea não parece admitir a possibilidade que eles estejam conectados de alguma forma.
Apesar disso, eles estão – profundamente. Nosso objetivo é mostrar que um entendimento moderno da economia como complexa, adaptável, de sistemas interconectados força-nos a concluir que desigualdade radical e desarticulação econômica estão conectadas de forma causal: uma traz e amplifica a outra.
Se quisermos uma sociedade com altos níveis de crescimento e prosperidade compartilhada entre todos, e se quisermos evitar desarticulações como a última que acabamos de passar, precisamos mudar nossa teoria de ação fundamental. Precisamos parar de pensar a economia como uma máquina perfeita, que se autocorrige e começar a pensar ela como um jardim.
A teoria econômica tradicional está enraizada em um entendimento científico e matemático dos séculos XIX e XX. De um jeito simples, a teoria tradicional assume que economias são sistemas lineares preenchidos com atores racionais que procuram otimizar a sua situação. As saídas refletem a soma das entradas, o sistema é fechado, e se uma grande mudança acontece, ela acontece como um choque externo. O estado padrão do sistema é o equilíbrio. A metáfora dominante é a máquina.
Mas não é assim que as economias são. Nem nunca foi. Hoje, assim como qualquer um pode ver e sentir, as economias se comportam de forma irracional e não linear, e muitas vezes violentamente. Essas mudanças geralmente violentas não são resultado de choques externos, mas de propriedades emergentes – o resultado inevitável – da forma como economias reagem.
A abordagem tradicional, em resumo, entende de forma completamente errada o comportamento humano e natural das forças econômicas. O problema é que o modelo tradicional não é uma curiosidade acadêmica; ele é a base para uma estória ideológica sobre a economia e o papel do governo – e essa estória abasteceu políticas e se transformou em um justificável egoísmo de sabedoria convencional.
Mesmo hoje, o debate entre defensores do livre mercado e Keynesianos se mostra em termos de fundamentalistas do mercado: esforços de estímulo do governo são geralmente justificados como uma forma de restaurar o equilíbrio, e defendidos como lamentáveis desvios do papel naturalmente minimalista do governo.
Felizmente, como descrevemos acima, agora é possível entender e descrever sistemas econômicos como sendo sistemas complexos a exemplo de jardins. E agora é racional afirmar que sistemas econômicos não são meramente similares a ecossistemas; eles são ecossistemas, dirigidos pelos mesmos tipos de forças evolucionárias de ecossistemas. A obra The Origin of Wealth (A Origem da Riqueza) de Erick Beinhocker traz a pesquisa mais lúcida disponível dessa nova economia de complexidade.
A estória que Beinhocker conta é simples, e não diferente da estória que Darwin conta. Em uma economia, assim como em qualquer ecossistema, a inovação é resultado de pressões competitivas e evolucionárias. Dentro de qualquer dado ambiente competitivo – ou o que é chamado de “paisagem saudável” – os indivíduos e grupos cooperam para competir, para achar soluções para problemas e estratégias de cooperação se espalham e multiplicam-se. Por toda parte, pequenas vantagens iniciais são amplificadas e trancadas – assim como desvantagens. Sendo você o predador ou a presa, o esporo ou a semente, a oportunidade de prosperar se ajusta e então se concentra. Ela se agrupa. Nunca se mantém igualmente distribuída.
Como em um jardim, a economia consiste de um ambiente e elementos interdependentes – sol, solo, semente, água. Mas muito mais do que um jardim, a economia também contém as expectativas e interpretações que todos os agentes têm sobre o que todos os outros agentes querem e esperam. E essa rede invisível de expectativas humanas se torna, em uma espiral sempre crescente, tanto causa quanto efeito de circunstâncias externas. Assim foi a crise causada pelo financiamento habitacional. Cientistas da complexidade descrevem isso em termos de “loops de feedback”. O financista George Soros descreveu isso como “reflexividade”. O que eu acho que você pensa sobre o que eu quero cria tempestades de comportamento que mudam o que isso é.
O pensamento tradicional sustenta que a economia é um sistema em equilíbrio; que as coisas tendem, com o passar do tempo, a se adequar e retornar ao “normal”. A economia de complexidade mostra que a economia, como um jardim, nunca está em perfeito equilíbrio ou está sempre, ao mesmo tempo, crescendo e encolhendo. E assim como um jardim não cuidado, uma economia deixada totalmente a própria sorte tende em direção a desequilíbrios não saudáveis. Esse é um ponto de começo bastante diferente, e ele leva a conclusões muito diferentes sobre como o governo deve agir na economia.
Einstein disse, “Faça de tudo o mais simples possível, mas não simples demais”. O problema com a economia tradicional é que ela fez das coisas excessivamente simples e então combinou o erro ao tratar a simplificação excessiva como gospel. A suposição base da teoria econômica tradicional e da sabedoria econômica convencional é que mercados são perfeitamente eficientes e por isso se autocorrigem. Essa “hipótese do mercado eficiente”, nascida da obsessão com a física dos mecanismos perfeitos, é difícil de mensurar com intuição e realidade – mais difícil para leigos do que para experts em economia. Ainda assim, como uma mão morta na roda, a hipótese do mercado eficiente ainda é o que dita tudo na elaboração de políticas.
Considere que se os mercados são perfeitamente eficientes então deve ser verdade que:
– O mercado está sempre certo.
– Mercados distribuem bens, serviços e benefícios racionalmente e eficientemente.
– Os resultados dos mercados são inerentemente morais porque eles refletem perfeitamente o talento e o mérito e então os ricos merecem ser ricos e os pobres merecem ser pobres.
– Qualquer tentativa de controlar os resultados do mercado é ineficiente e até imoral.
– Qualquer atividade não mercadológica é inerentemente subótima.
– Se você consegue fazer dinheiro fazendo algo não ilegal, você deve fazer isso.
– Contanto que haja um comprador e um vendedor, toda transação é moral.
– Qualquer solução governamental, ausente uma total falha do mercado, é uma solução ruim.
Mas, é claro, mercados adequadamente entendidos não são realmente eficientes. Os chamados equilíbrios entre oferta e demanda, enquanto representam uma aproximação justa, não existem na realidade. E por que humanos não são racionais, calculistas e egoístas, seus comportamentos no mercado são inerentemente imperfeitos, imprevisíveis, e ineficientes. Os leigos sabem disso muito melhor que os experts.
O mercado é um tipo de ecossistema que é complexo, adaptável e sujeito as mesmas forças evolucionárias da natureza. Como na natureza, a evolução torna os mercados em uma forma inigualável de resolver os problemas humanos de forma efetiva. Mas a evolução é de propósito agnóstico. Se o mercado é orientado a produzir lixo e chamar isso de um bom PIB, a evolução desse mercado vai produzir cada vez mais lixo comercializável. Como em sistemas complexos adaptáveis, os mercados não são como máquinas de forma alguma, mas sim como jardins. Isso significa, então, que as afirmações a seguir devem ser verdadeiras:
– O mercado está geralmente errado.
– Os mercados distribuem bens, serviços, e benefícios de formas geralmente irracionais, quase cega, e superdependente de sorte.
– Os resultados do mercado não são necessariamente morais – e algumas vezes são imorais – porque eles refletem uma combinação dinâmica de merecido mérito e um composto de vantagem ou desvantagem não merecido.
– Se bem direcionados, os mercados produzem grandes resultados, mas se não, eles destroem a si mesmos.
– Mercados, como jardins, necessitam ser semeados, alimentados, e podados constantemente pelo governo e os cidadãos.
– Mais, eles requerem julgamentos sobre qual tipo de crescimento é benéfico. Só por que dentes-de-leão, como fundos de hedge, crescem facilmente e rapidamente, isso não significa que nós devemos deixa-los tomar conta. Só por que você pode fazer dinheiro fazendo algo não significa que isso seja bom para a sociedade.
– Em uma democracia nós não temos somente a habilidade, mas também a obrigação de dar forma aos mercados – através de escolhas morais e ação governamental – para criar resultados bons para nossas comunidades.
Você poderia pensar que essa mudança de metáforas e modelos é meramente acadêmica. Considere o seguinte. Em 2010, após o pior da crise financeira ter passado mas ainda cedo o suficiente para que as lembranças fossem vívidas e honestas, um grupo de banqueiros centrais do oeste e economistas se reuniram para avaliar o que deu errado. Para um participante na reunião, que não era um banqueiro, mas havia estudado a natureza de economias com grande profundidade, um fator se tornou surpreendentemente e chocantemente claro. Os governos haviam falhado em antecipar o escopo e a velocidade do derretimento por que o modelo de economia deles havia se desconectado da realidade fantasticamente.
Por exemplo, o modelo padrão utilizado por muitos bancos centrais e tesouros, chamado de modelo de equilíbrio geral estocástico dinâmico, não incluía bancos. Por quê? Por que em um mercado perfeitamente eficiente, os bancos são meras passagens, invisivelmente distribuindo dinheiro. Quantos consumidores esse modelo levou em conta em suas premissas sobre a economia? Milhões? Centenas de milhares? Não, somente um. Um consumidor perfeitamente mediano ou “representativo” operando de forma perfeitamente racional no mercado. Enfrentando uma crise precipitada pelo contágio da exuberância dos proprietários de imóveis, abastecida pela imprudência patológica de negociadores de títulos e banqueiros, instigados por uma fiscalização governamental desatenta, e levando a mais profunda depressão desde a Grande Depressão, o FED e outros bancos centrais do oeste se viram lutando contra uma crise que seus modelos disseram que não aconteceria.
Isso é um indicativo não somente dos banqueiros centrais e da profissão de economista; tampouco meramente dos Republicanos cuja doutrina instigou essa negligência intelectual; isso é um indicativo também dos Democratas que, carregando a responsabilidade de fazer o governo funcionar, permitiram que uma visão tão distorcida do mundo guiasse as ações do governo no que diz respeito a economia nacional. Eles fizeram isso porque ao curso de 20 anos eles também passaram a acreditar na hipótese da eficiência do mercado. Onde o setor habitacional e bancário estivessem presentes, surgiu uma economia baseada em fé: fé em indivíduos racionais, fé nos preços sempre crescentes de habitações, e fé que você não seria aquele que ficasse de pé quando a música parasse de tocar.
Nós não somos, para ser enfaticamente claros, contra o mercado. Na verdade, somos ávidos capitalistas. Os mercados trouxeram um incrível benefício para as sociedades humanas, e isso é a inigualável habilidade de resolver os problemas humanos. Um entendimento moderno de economias os vê como sistemas complexos adaptáveis sujeitos a forças evolucionárias. Essas forças possibilitam a competição para a habilidade de sobreviver e ter sucesso como uma consequência do grau no qual os problemas dos consumidores são resolvidos. Entendido assim, a riqueza em uma sociedade é simplesmente a soma dos problemas que ela conseguiu resolver para seus cidadãos. Erick Beinhocker chama isso de “informação”. Como Bainhocker nota, sociedades “pobres” e menos desenvolvidas têm muito poucas soluções disponíveis. Soluções limitadas em habitação. Soluções médicas limitadas. Soluções de nutrição e lazer limitadas. Informação limitada. Contraste isso com uma moderna superloja ocidental com centenas de milhares de SKUs, cada um representando uma solução para um problema único.
Mas mercados são agnósticos a quais tipos de problemas eles resolvem e para quem resolvem. Se um mercado produz mais soluções para desafios médicos humanos ou mais soluções para guerras humanas – ou se ele inventa problemas como má respiração para o qual mais soluções se fazem necessárias – é totalmente uma consequência da construção daquele mercado, e aquela construção será sempre de responsabilidade humana, seja por acidente ou por design. Mercados devem nos servir, não ser nossos mestres.
Enquanto escrevemos, o governo Chinês está fazendo investimentos estratégicos, massivos e determinados na indústria de energia renovável deles. Eles decidiram que é melhor, para a maior população do mundo e segunda maior economia, ser verde do que não ser – e eles estão moldando o mercado com esse objetivo em mente. Ao fazer isso eles reduzem o aquecimento global e asseguram uma vantagem econômica no futuro. Enquanto isso, estamos presos a um fundamentalismo de mercado que questiona o direito do governo em agir – assim cedendo vantagem estratégica aos nossos mais sérios rivais globais e colocando a América em uma posição empobrecida, enfraquecida, e suja estrada à frente. Mesmo que não tivesse havido um colapso no setor habitacional, o fato de nossas energias de inovação estarem indo para a construção de casas que não necessitamos e então securitizando hipotecas para aquelas casas nos mostra que estamos muito distantes do caminho.
Agora, deve ser notado que por décadas, através de administrações de ambos os partidos, nossa nação teve um objetivo estratégico massivo de promover a aquisição de imóveis – e o que nós colhemos disso foi um colapso econômico causado pelo setor imobiliário. Mas estabelecer um objetivo não significa então ir dormir; ele requer envolvimento constante e vigilante para ver se o objetivo está correto e se os meios para alcança-lo não trazem um custo muito alto. A casa própria é um objetivo saudável. Isso não significa, de jeito nenhum, que casa própria seja uma política saudável. Incentivar pessoas a assumirem hipotecas que não podem pagar e então abrir um casino com essas hipotecas como fichas não era o único jeito de aumentar a aquisição de imóveis. O que o governo falhou em fazer durante a explosão no setor imobiliário foi podar – podar o especulatório, o predatório, o fraudulento.
A sabedoria convencional diz que o governo não deve tentar escolher vencedores no mercado, e que esses esforços estão fadados ao fracasso. Escolher vencedores pode ser um engano, mas escolher o jogo que jogamos é um imperativo estratégico. Jardineiros não fazem as plantas crescerem, mas criam condições onde as plantas podem florescer e também fazem julgamentos sobre o que deve e o que não deve estar no seu jardim. Essas decisões concentradas, de investir em energia alternativa ou não, de investir em biociências ou não, de investir em infraestrutura computacional e de rede ou não, são escolhas essenciais a uma nação.
Não se trata de escolher vencedores; se trata de escolher jogos. Líderes do setor público, com o conselho e a cooperação de experts do setor privado, podem e devem escolher um jogo a investir e então deixar as pressões evolucionárias da competição de mercado determinar quem ganha aquele jogo. Entidades governamentais como DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), NIST (National Institute of Standards and Technology), NIH (National Institutes of Health) e outras entidades governamentais efetivas escolhem jogos. Eles impõem grandes desafios. Eles catalisam a formação dos mercados e usam capital público para alavancar capital privado. Se recusar a fazer tais escolhas de jogos é se recusar a ter uma estratégia, e é tão perigoso na vida econômica quanto seria em operações militares. Uma nação não consegue “flutuar” para a liderança. Uma mão pública forte é necessária para apontar uma direção particular à mão oculta do mercado.
Mercados como Máquinas vs. Mercados com Jardins
Entender economia desse jeito novo pode revolucionar nossa abordagem e nossa política. A mudança de modelos mecânicos para modelos ecológicos complexos não é de grau, mas de tipo. É a mudança de uma tradição que foca na imutabilidade e previsibilidade para uma mentalidade em que a premissa é a evolução. Compare os dois quadros abaixo em forma de cápsula:
Visão de máquina: Os mercados são eficientes, isso é sagrado
Visão de jardim: Os mercados são efetivos, se bem cuidados
Na visão tradicional, os mercados são sagrados por que se acredita que são os mais eficientes alocadores de recursos e riqueza. A ciência de complexidade mostra que os mercados geralmente são ineficientes – e que não há nada de sagrado nos arranjos econômicos desenvolvidos pelo homem nos dias de hoje. Mas a ciência de complexidade também mostra que os mercados são a mais efetiva forma de produzir inovação, a fonte de toda criação de riqueza. A questão, então, é como distribuir essa força para o benefício da maioria.
Visão de máquina: A regulação destrói os mercados
Visão de jardim: Os mercados precisam ser fertilizados e podados, do contrário serão destruídos
Os tradicionalistas dizem que qualquer interferência governamental distorce a “natural” e eficiente alocação que os mercados almejam alcançar. Economistas da complexidade mostram que mercados, como jardins, são exauridos por ervas daninhas ou esgotam seus nutrientes (educação, infraestrutura, etc.) se deixados sozinhos, e então morrem – e que o único jeito de os mercados entregarem riqueza em larga escala é com o governo os orientando: reforçando regras que restringem um comportamento antissocial, promovendo um comportamento pró-social, e, portanto mantendo os mercados em funcionamento.
Visão de máquina: Desigualdade de renda é resultado de esforços e habilidades desiguais
Visão de jardim: Desigualdade é o que os mercados naturalmente criam e compõem, e requer correção
Os tradicionalistas afirmam que, em essência, a desigualdade de renda é resultado de o rico trabalhar mais duro e ser mais inteligente que o pobre. Isso justifica a negligência do governo diante da desigualdade. A visão de mercados como jardins não nega que inteligência e diligência estão distribuídas de forma desigual. Mas nessa visão, a desigualdade de renda tem muito mais a ver com a natureza inexorável de sistemas complexos adaptáveis como mercados que resulta em reforçadas concentrações de vantagem e desvantagem. Esses injustos e contra produtivos efeitos de concentração precisam ser barrados pela ação dos governos.
Visão de máquina: A riqueza é criada através de competição e pela perseguição de um limitado interesse próprio
Visão de jardim: A riqueza é criada através de confiança e cooperação
Onde os tradicionalistas colocam o egoísmo do indivíduo em um pedestal moral, economistas da complexidade mostram que normas de egoísmo não contidas matam a única coisa que determina se uma sociedade consegue gerar (sem contar uma justa alocação) riqueza e oportunidade: confiança. A confiança cria a cooperação, e cooperação é o que cria resultados ganha-ganha. Redes de alta confiança prosperam; Redes de baixa confiança falham. E quando a ganância e o interesse próprio são glorificados acima de tudo, redes de alta confiança se transformam em redes de baixa confiança; Veja: Afeganistão.
Visão de máquina: Riqueza = indivíduos acumulando dinheiro
Visão de jardim: Riqueza = sociedade criando soluções
Uma das limitações simples e condenatórias da economia tradicional é que ela não consegue explicar como a riqueza é gerada. Ela simplesmente assume a riqueza. E trata o dinheiro como sua única medida. A economia de complexidade, ao contrário, diz que riqueza são soluções: conhecimento aplicado para resolver problemas. A riqueza é criada quando novas ideias – inventar uma roda, digamos, ou curar o câncer – emergem de um ambiente competitivo e evolucionário. Da mesma forma, a grandeza de um jardim vem não somente do seu volume absoluto mas também da diversidade e da utilidade das plantas que ele contém.
Em outras palavras, a acumulação de dinheiro pelos ricos não é a mesma coisa que a criação de riqueza pela sociedade. Se queremos ser sérios sobre a criação de riqueza, nosso foco não deve estar em tomar cuidado dos ricos para então o dinheiro deles escorrer para o resto da sociedade; o foco deve ser em certificar que todos tenham oportunidades justas – na educação, saúde, capital social, acesso a capital financeiro – para criar novas informações e ideias. A inovação surge em um ambiente fértil que permite que a genialidade individual aflore e se amplifique, através da cooperação, para beneficiar a sociedade. A extrema concentração de riqueza sem precedentes no mundo moderno foi o que minou a igualdade de oportunidades e assim limitou nosso potencial econômico.
(c) 2011 by Eric Liu and Nick Hanauer. Excerpted from The Gardens of Democracy by permission of Sasquatch Books.
2016 February 21