Com o passar dos anos, as Academias modernizaram-se e evoluíram na sua atuação; cada vez mais deixaram de precisar de muito tempo à sua afirmação, como imaginava Joaquim Nabuco, e passaram a envolver-se em questões reais que afligem a vida das cidades…
*Antônio Augusto Ribeiro Brandão
A Academia Maranhense de Cultura Jurídica, Social e Política – AMCJSP, em sessão virtual do dia 22 de janeiro, empossou seus membros efetivos-fundadores das diversas áreas de pensamento científico; estou tendo o privilégio de ser um deles, privar da companhia de ilustres representantes das letras maranhenses e, nesses próximos anos, de forma democrática, produzir e falar em seu nome exercendo prerrogativas regimental e estatutária.
A sessão de posse virtual de confrades e confreiras foi um sucesso e estão de parabéns os dirigentes maiores da Instituição, João Batista Ericeira e Sergio Victor Tamer, também os organizadores e apoiadores do Evento. Agradeço o acolhimento a mim dispensado, bem como o apoio dos meus familiares e amigos, que foram generosos com o meu desempenho, quando o seguinte discurso foi proferido.
Sinto-me honrado em viver este momento e agradeço o convite para integrar esta Academia, que aceitei de pronto considerando uma honraria. Prometo que estarei dedicado à sua atuação e princípios de desenvolvimento, cumprindo suas normas e rituais a serviço da cultura maranhense e brasileira.
Permitam-me dizer que o privilégio deste discurso, na qualidade de um dos decanos, deveria pertencer ao confrade José Sarney, nosso decano maior, que infelizmente não pode estar presente, mas a quem saúdo afetuosamente neste momento. Sua presença entre nós será muito importante não só por suas qualidades de intelectual consagrado, bem como pela contribuição política e administrativa que deu ao Maranhão e ao Brasil.
Sou Membro Honorário da Academia Caxiense de Letras, onde ingressei em 2003, e da Academia Ludovicense de Letras, em 2013, para uma convivência fraterna e salutar com meus confrades. Agora, passo a pertencer a esta nova instituição de cultura e tenho para mim que as Academias não fazem política, mas são instituições políticas e, portanto, inseridas na comunidade à qual pertencem, devendo participar dos seus problemas e soluções.
A história registra que foi o filósofo Platão quem fundou em 387 a.C, próxima a Atenas, uma “escola dedicada às musas, onde se professava um ensino informal através de lições e diálogos entre os mestres e discípulos”; uma residência, uma biblioteca e um jardim formavam a escola tendo esse jardim pertencido a Academus, herói da guerra de Tróia, inspirador do termo academia.
A Academia Francesa foi fundada em 1635, por iniciativa do cardeal Richelieu, e serviu de modelo à Academia Brasileira. No seu âmbito, “termos chulos, gíria e expressões coloquiais deveriam ser evitados, e diziam dela: constituída por quarenta cadeiras, cujos ocupantes perpétuos são eleitos depois de se apresentarem como candidatos a uma vaga, encaminhando suas qualificações; o novo acadêmico seria empossado discursando em agradecimento à Academia e realizando o elogio de seu antecessor”, ritual que vigora até os de dias de hoje, com inovações de vanguarda conforme adotadas por nossa Casa de Gonçalves Dias.
A Academia Brasileira de Letras foi fundada em 15 de dezembro de 1896 tendo como idealizadores, entre outros, os intelectuais Rodrigo Otávio, Graça Aranha, Raul Pompeia e Machado de Assis, que foi seu presidente; depois de peregrinar por diversos endereços, no Rio de Janeiro, até 1904, sua sede definitiva é uma réplica da arquitetura do palácio Petit-Trianon, nos arredores de Versalhes, em Paris, ofertada pelo governo francês, em 1923.
Sou do tempo em que prosperavam os Centros Culturais, em São Luís e cidades do interior maranhense, na década de 40 do século passado; em Caxias, meu pai, Antonio Brandão, fez parte do Centro Cultural Coelho Neto, ocupando a cadeira cujo patrono era Francisco Sotero dos Reis, o mesmo escolhido por mim na Academia Ludovicense de Letras.
Com o passar dos anos, as Academias modernizaram-se e evoluíram na sua atuação; cada vez mais deixaram de precisar de muito tempo à sua afirmação, como imaginava Joaquim Nabuco, e passaram a envolver-se em questões reais que afligem a vida das cidades.
Reunindo sob a mesma modernidade ilustres confrades, todos cientistas sociais, reconheço que a ciência econômica nunca deixou de ser política. Sinto-me, portanto, confortável junto de todos.
*Economista. Membro Honorário da ACL e da ALL. Filiado à IWA e ao ELOS Literários. Fundador da AMCJSP.