Por Ronald de Carvalho, jornalista
A História, às vezes pelo acaso, joga com metáforas para os homens entenderem seus limites.
O fogo no incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que devastou parte da história do Brasil e boa parcela que pertence à humanidade, é um ícone do momento de desgraça que o Brasil vive.
Pessoas, costumes e cultura corrupta do Rio e de toda a Nação foram combustíveis para as labaredas.
Nossa cultura e valores estão tão desprotegidos quanto todas as peças que viraram cinza.
A silhueta de Pedro de Alcântara, o nosso Pedro segundo, é a metáfora que faltava. O fundo laranja do fogo faz cenário para sua estátua.
À luz da fornalha, ficamos sabendo que a República nunca foi feita nessa Terra dos Papagaios. Res, do latim, propriedade, jamais foi realmente pública. O fogo nos mostrou que sempre foi tudo cinzas.
O Brasil são essas assustadoras labaredas que iluminaram o Maracanã e a noite do Rio de Janeiro. Esse fogo de incompetência abrasa o país, às vésperas de uma nova renovação política.
Que a História e seus acasos salvem esse pobre país.