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CENTRO DE ESTUDOS CONSTITUCIONAIS E DE GESTÃO PÚBLICA

CECGP articula suas tarefas de pesquisa em torno de Programas de Pesquisa em que se integram pesquisadores, pós-doutores provenientes de diferentes países.

Modernização das Estratégias de Segurança Pública – por Paulo Tamer

SEGURANÇA PUBLICA

Inteligência, Ocupação, Urbanização, Relações Sociais

“Como estudioso e especialista na área de segurança pública e privada e, contando com mais de trinta anos efetivos no cargo de delegado de polícia civil, entendo que, atualmente, não se trabalha segurança pública de forma isolada, sem o uso da inteligência, estatística e área social do governo…”

Por Paulo Tamer

As estatísticas nos mostram que a ação da criminalidade que mais incomoda a população, é o roubo a transeunte, vulgarmente denominado de assalto; prática esta que na quase sua totalidade ocorre em área de grande fluxo de transeuntes ou ermas, o que na gíria policial são denominados de assaltos do

asfalto, pelo qual os meliantes subtraem telefones celulares, bolsas, cordões, relógios de pulso e, em casos mais extremos, motocicletas e carros, sem que em ações mais violentas ocorrem o latrocínio, ou seja, morte da vítima.

Podemos dizer que na sua totalidade, os autores dessa prática delituosa, são provenientes de áreas menos favorecidas de políticas públicas, áreas estas que em sua grande maioria se encontram instaladas as lojas do tráfico e, os autores dos assaltos, na sua grande maioria os praticam com o fim de custeio do vicio, por serem adictos.

As bases das forças policiais dos estados, nos bairros, polícia civil e militar, estão instaladas em avenidas ou ruas centrais, distante das áreas menos favorecidas de políticas públicas e urbanização. Cada qual em seu mister, a polícia civil procedendo investigações e, a militar procedendo as rondas ostensivas.

Lamentavelmente, essas forças policiais ainda desenvolvem seu mister no empirismo, pouco, ou quase nada fazendo uso do setor de inteligência policial, assim não atualizando ou dinamizando suas ações.

Como estudioso e especialista na área de segurança pública e privada e, contando com mais de trinta anos efetivos no cargo de delegado de polícia civil, entendo que, atualmente, não se trabalha segurança pública de forma isolada, sem o uso da inteligência, estatística e área social do governo. Se não, vejamos.

Com o conhecimento estatístico criminal, georreferenciada dos bairros, trabalhada pela inteligência da segurança pública, identificando as lojas do tráfico e os autores dos ditos assaltos a transeuntes, certamente contando com as devidas ordens judiciais, a polícia militar deveria proceder a ocupação do bairro, no seu interior, onde, como mencionado acima, carentes de políticas públicas, instalando base permanente de operação, em apoio ao trabalho de cumprimento dos mandados judiciais pelas equipes da polícia civil e, esta, também reforçando suas bases para receber, com agilidade necessária, outras ocorrências apresentadas pela polícia militar e, em paralelo, as ações dos órgãos de segurança pública, o Estado agir com sua área de infraestrutura e social, urbanizando e levando serviços médicos, de educação e de expedição de documentos. Toda operação sempre acompanhada pelo setor de inteligência da segurança pública. Assim se cria uma cerca imaginária não dando oportunidade para que os autores da criminalidade possam vir a ter oportunidade de se deslocarem à área de suas ações.

Não estamos plagiando as malfadadas UPPS do Estado do Rio de Janeiro, até porque elas decorreram de ações políticas eleitoreiras e não técnicas, o que as fez, rapidamente se deterioraram.

Ofereço, estas sugestões, com a certeza de bons resultados, porque, quando estive como Diretor de Polícia Metropolitana da Polícia Civil do Estado do Pará, contando com apoio da Polícia Militar, desenvolvemos este trabalho, lógico que em modesta escala, até pelos poucos recursos financeiros e humanos

colocados à nossa disposição, porém obtendo resultados expressivos à época.

Fica a sugestão.

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Paulo Estevão Tamer, Delegado de Polícia Civil, aposentado, OAB/Pa. 04051, Membro da Escola Superior de Guerra – RJ, Pós-Graduado em Segurança Pública (Executive MBA) – UEPA/PA, Especialista em investigação de crime de extorsão mediante sequestro – Acadepol/SP, Especialista em gerenciamento de crises, controles de operações especiais e detecção de ameaças, Formado pela National Tactical Officers Association, Consultor Técnico em Segurança Pública e Privada.

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