Aproxima-se o dia 19 de agosto, início da propaganda eleitoral no rádio e televisão; a partir daí as campanhas eleitorais se intensificarão. Por ora, alguns candidatos queixam-se do desânimo de que estão tomados pela falta de dinheiro para a alavancagem dos seus comitês. É sempre assim. As verbas são liberadas nas proximidades do horário da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV, o eficiente comício eletrônico. No mais, são: passeatas; a distribuição de material de divulgação dos candidatos, em impressos distribuídos e afixados; em alto-falantes fixos e móveis. Em certos casos, a montagem dos eventuais palanques para os comícios ao vivo nos bairros das capitais e cidades do interior.
Antes do horário da Justiça Eleitoral – que de gratuita nada tem, é custeada pela desoneração tributária dada as emissoras de rádio e televisão – através da mídia impressa circulam as denúncias de corrupção pelos jornais e revistas de circulação nacional. Utilizam a internet para o mesmo fim. Trata-se de veículo de enorme repercussão, atualmente usado por candidatos, seus seguidores, partidos e coligações. De 19 de agosto em diante as denúncias se intensificarão, os dossiês proliferarão em todos os canais da mídia.
Já assistimos ao filme. A sua repetição em nada concorrerá para o aperfeiçoamento do processo eleitoral de escolha dos dirigentes públicos. Acusadores e acusados se revezam, depois, tudo se perde na poeira do tempo. As mútuas acusações desviam a atenção dos eleitores para o debate que interessa efetivamente. Até porque nessa atividade ninguém é santo para atirar a primeira pedra.
As eleições de 2014 espelham a dura realidade de falência do sistema partidário. As coligações pactuadas para as eleições presidenciais, celebradas em função do horário eleitoral, não se estendem aos pleitos estaduais, denotam absoluta falta de coerência, desnorteiam os eleitores, que não compreendem as razões dos acordos.
As coligações celebradas em torno de nomes dos presidenciáveis tornam as propostas pouco confiáveis, no meio da crise econômica do país, caracterizada pelo baixo crescimento do Produto Interno Bruto, mais o aumento da taxa de juros, acrescida da incerteza da taxa de câmbio e do recrudescimento da inflação. Os assessores dos presidenciáveis, por certo, os aconselham a não tratar desses temas, alegam que o povo deles nada na entende.
Ledo engano. Precisam explicar como farão no tratamento desses assuntos, pois deles dependerá o aumento da oferta de emprego, gerando o crescimento da economia e do emprego, do aumento da arrecadação, importando em mais obras de saneamento, escolas, hospitais, aparelhos de segurança pública e instrumentos de mobilidade urbana.
Não apresentem números mirabolantes, ninguém aguenta mais. Digam com os pés na realidade, como, aonde, e quando farão em suas gestões com os recursos estimáveis e disponíveis. O eleitorado não suporta mais os truques publicitários produzidos para um país de fantasia. Os programas devem levar em conta a realidade cotidiana dos eleitores, as suas dificuldades no dia a dia.
É inaceitável apostar na menoridade política do povo, na sua incapacidade. Os políticos têm a obrigação de transformar o economês, o jargão técnico-administrativo em palavras compreensíveis para o conjunto da população, que paga os impostos, sustenta as políticas públicas e paga os salários dos empregos públicos. Não proceder dessa forma, é repetir a empulhação e a enganação de sempre. A reincidência das mesmas práticas vem se refletindo nas pesquisas dos institutos de opinião, com o acréscimo dos votos nulos e brancos, apesar dos esforços publicitários da Justiça Eleitoral.
As primeiras prestações de contas revelam as somas fabulosas arrecadadas por partidos e candidatos para as campanhas, além dos recursos do fundo partidário e das despesas da Justiça Eleitoral. Estes últimos recursos oriundos dos cofres públicos, comprovam: o eleitor é quem paga a conta da Democracia, assim, deve zelar e exigir a qualidade dos debates.
As baixarias, as acusações injuriosas e difamatórias, a onda generalizada do falso denuncismo deve ser punida pelos eleitores. Aos seus autores, conhecidos ou ocultos, devem ser negados os votos, pois é certo, tratam-se de manobras diversionistas que nada tem a ver com o efetivo interesse público. Além de falsa, a onda denuncista é prejudicial ao aperfeiçoamento das instituições do Estado Democrático de Direito.