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Notícia

Centro de Estudos Constitucionais e de Gestão Pública

A MANUTENÇÃO DO PODER

 Publicado por Lourembergue Alves Júnior em JusBrasil

A história é marcada por demonstrações inequívocas de que para se assumir o poder ou se manter nele, uma das alternativas é criar um bode expiatório e nele voltar a atenção da população. Assim, todas as discussões se voltam para aquele caso/pessoa em específico, enquanto se trabalha em oculto.

Dessa forma, quem pretende tomar o poder ou se manter nele, maquina algum subterfúgio, alguma válvula para camuflar esse fim. Foi assim com a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha, quando o Führer, jogando a culpa de todos os males vividos pelos alemães nos judeus e algumas outras minorias.

Alguns debates visam somente a separação da sociedade em tribos, havendo assim, ao invés da união de forças há o enfraquecimento – já que, pela lógica, um tanto é muito menor que todos. Há um tremendo obstáculo em entender-se que não é preciso aceitar tudo e nem gostarmos de todos (aliás, algumas coisas dizem respeito somente a intimidade de alguns, motivo pelo qual não cabe a quem não vive isso, opinar), porém muito menos aceitável é a intolerância.

Outra forma muito usual é a política de panem et circenses (mais conhecido como pão e circo), onde o Governo cria mecanismos para presentear o povo com ninharias, alegando como esse fim a distribuição de riquezas. Contudo, o pouco que é distribuído só mantém o ganhador no lugar em que está. Não tem o condão de elevar seu patamar. Aqui, é imposto o medo de que se escolhendo ‘novos’ governantes toda essa ‘conquista’ será perdida, retornando de certo modo o voto de cabresto.

Mais um exemplo da política do pão e circo é a péssima programação televisiva que, sob o pretexto de entreter o cidadão, acaba por deixá-lo anestesiado ante ao que realmente ocorre no país.

Não se pode esquecer um dos maiores artifícios utilizados para a manutenção do poder. A propaganda. Muito usada nas piores ditaduras e no Brasil recebe do Governo muito mais atenção que qualquer obra ou necessidade do povo. Ainda mais se temos uma mídia que contribuí com isso.

Quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo comemoramos loucamente, saímos as ruas e gritamos nosso orgulho de ser brasileiro. Todavia, qual foi a vitória conseguida? Tudo isso foi consequência da politicagem que permeia tudo que nos rodeia, nada tem a ver realmente com o merecimento.

Qual a vitória em sediar uma copa do mundo? Antes da escolha do país como sede da copa, tínhamos uma educação deprimente, saúde aos cacos, segurança deficiente e miséria. A um ano dessa competição, continuamos com tudo isso, mas estamos construindo estádios que depois do espetáculo sobrará somente um ‘elefante branco’.

O jogador de futebol aposentado e Deputado Federal, Romário disse que: “… essa palhaçada vai piorar quando tiver a um ano e meio da Copa. O pior ainda está por vir, porque o governo deixará que aconteçam as obras emergenciais, as que não precisam de licitações. Aí vai acontecer o maior roubo da história do Brasil”.

O futebol, assim como o carnaval da Marquês do Sapucaí, a muito deixou de ser um espetáculo popular, para pertencer somente a elite. Não justificando tanta comemoração dos populares na escolha do país para a sede da competição mundial.

O país nos oferece um Governo corrupto e incompetente, que não sabe investir a imensa grana que recebe. Oferece-nos também um legislativo inoperante, que legisla em causa própria e somente serve para manter ou atender suas vontades. Já o Judiciário caminha em passos lentos, quase que parando em resolução de pequenos problemas e, a exemplo dos outros poderes, engrandecem seu ego em aparições na mídia.

Grande parte dos nossos intelectuais estão mais preocupados em evitar discussões importantes e fomentar opiniões, apregoando somente o que é jogado superficialmente na mídia.

Dessa forma, nós, o resto, nos recusamos a entender essas cenas e, inebriamo-nos com programas televisivos débeis, com propagandas mentirosas e o recebimento de esmolas. Talvez seja verdade que a ignorância seja uma espécie de benção e, se você não sabe o que acontece não haverá qualquer dor, como disse John Lennon. Vivendo como diz a letra: “… e deixa a vida me levar/(Vida leva eu!)/Deixa a vida me levar/(Vida leva eu!)/Deixa a vida me levar/(Vida leva eu!)”

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Lourembergue Alves Júnior é Advogado e Consultor Jurídico na MA Consultoria Sindical e Empresarial, diretor jurídico da Federação Mato-grossense de Capoeira e aprendiz de poeta. louremberguealves_jr@hotmail.com
http://louremberguealvesjunior.blogspot.com/