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Notícia

Centro de Estudos Constitucionais e de Gestão Pública

UM LEGADO À HUMANIDADE – por Nelson Moraes Rêgo

“Portanto, um estudioso e um verdadeiro cientista da medicina cardiológica, com expressão no Brasil e no mundo todo…”

O Doutor José Eduardo de Moraes Rêgo Sousa

                                            Por Nelson Moraes Rêgo[1]

 

                         Faleceu no dia 13 de março de 2022 o médico maranhense e cientista da cardiologia, o Doutor José Eduardo de Moraes Rêgo Sousa. Nascido em Pedreiras neste Estado do Maranhão em 30 de janeiro de 1934, concluiu o curso de medicina em Recife-PE em 1958, ocasião em que também estudavam medicina outros maranhenses, Cláudio L. de Moraes Rêgo e Tácito Moraes Rêgo (seus primos) e José Quadros, os quais moravam com a senhora Elza de Moares Rêgo Costa Lima (irmã de Cláudio). À época ainda não existia o curso de medicina no Maranhão, que só veio a ser fundado em 1966.

                        O Doutor José Eduardo foi um pioneiro e um pesquisador da cardiologia intervencionista no Brasil e no mundo. Fez uma das primeiras cineangiocoronariografias do país, em 1966. Participou da equipe do Doutor Zerbini por ocasião do primeiro transplante do coração no Brasil. Foi o pioneiro mundial (“The first man in the world”) na técnica de implante dos Stents em 1987. Poucos anos mais tarde, novamente foi o primeiro a implantar Stents Farmacológicos no mundo, com a utilização do fármaco Rivamicina, que impedia o entupimento posterior dos stents coronarianos. Conquanto se tratasse da aplicação de pequeninos dispositivos, esta foi, sem sombra de dúvidas, uma grande descoberta para a cardiologia brasileira e mundial pela sua imensa utilidade e fortalecimento do tratamento via angioplastia, que foi ganhando espaço em todo o mundo, com uma grande utilização no tratamento das doenças do coração, tanto que atualmente o número de intervenções da angioplastia supera as intervenções cirúrgicas de “peito aberto”. Operou-se assim, uma verdadeira revolução na cardiologia mundial, graças a um brasileiro, natural do nosso Estado do Maranhão.

                        Especializou-se o nosso homenageado em Cardiologia Pediátrica pela Harvard Medical School, em 1963 e doutorou-se em Cardiologia pela USP – Universidade de São Paulo. Foi diretor do Instituto Dante Pazzanese de Medicina de 1983 a 2004. Foi membro da Academia Nacional de Medicina e associado da SBC – Sociedade Brasileira de Cardiologia. Dirigiu inúmeras Teses de Cardiologia e proferiu palestras nos centros mais avançados da cardiologia nos EUA (Cleveland), Europa e Ásia. Portanto, um estudioso e um verdadeiro cientista da medicina cardiológica, com expressão no Brasil e no mundo todo. Em 2020 foi homenageado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia como destaque da Cardiologia Nacional do Século XX e Personalidade da Cardiologia. Ele é o brasileiro de maior número de referência científica, em toda a área do conhecimento. O Stent Farmacológico é um pequeno dispositivo, mas de gigantesca importância para a cardiologia, em todo o mundo.

                        Não poderia deixar de registrar aqui, que o Doutor Eduardo era um homem bom e humano, que valorizava a sua família e as suas origens. Reconhecia as pessoas que prestaram algum tipo de ajuda à sua formação, como era o caso da Dona Elza de Moraes Rêgo Costa Lima que o hospedou gratuitamente por 06 (seis) anos quando esteve estudando medicina em Recife. Acolhia muito bem todos os maranhenses que iam a São Paulo buscar tratamento especializado; bastava saber que era maranhense que o cuidado redobrava. Isto ficou patenteado na sua trajetória médica e humana.

                        Todos nós gostaríamos de deixar um legado positivo para os nossos descendentes, como um bom nome, uma boa educação e formação e de vermos os nossos filhos encaminhados na vida galgando os seus “lugares ao sol”. Este é um contributo que todo homem de bem almeja como de ter sido considerado um bom pai e um bom marido (ou do ponto de vista feminino, estes mesmos valores e de ter sido uma boa mãe e uma boa esposa). Este contributo podemos constatar na vida do Doutor José Eduardo, com a sua esposa, a Doutora Amanda e os seus 06 (seis) filhos e netos.

                           Mas o legado que nos deixou o nosso estimado médico e cientista Moraes Rêgo Sousa, foi mais além. Contribuiu na formação especializada de muitos cardiologistas maranhenses e de todo o país e até de outros locais da América do Sul. Quantas vidas não foram salvas pela sua intervenção ou mesmo pela sua descoberta, não só aqui no Brasil, mas no mundo todo? Eu mesmo agora que estou escrevendo estas linhas, lembro que graças a ele (após ver os meus exames cardiológicos, foi quem decidiu pela intervenção) tive 3 Stents Farmacológicos implantados em minhas coronárias. Sem sombra de dúvidas, o que nos deixou o Doutor José Eduardo, constitui um verdadeiro legado à humanidade!

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*Nelson Moraes Rêgo é Juiz de Direito em São Luís-MA e Pós-Doutor em Direitos Humanos e Segurança Pública.

[1]O Autor é Juiz de Direito em São Luís-MA e Pós-Doutor em Direitos Humanos e Segurança Pública